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Entrevista com
Joana Carneiro

A conferência de abertura do 19º Congresso Europeu de Medicina Geral e Familiar – WONCA 2014 - vai ser proferida por Joana Carneiro, diretora musical da Sinfónica de Berkeley e maestrina convidada da Orquestra Gulbenkian. Em entrevista ao MGF Notícias, Joana Carneiro faz um paralelismo entre o trabalho em equipa da Medicina Geral e Familiar e a condução de uma orquestra, ao mesmo tempo que recorda os seus primeiros tempos de estudante de Medicina, que acabaria por trocar pela música. Hoje, aclamada pela crítica internacional, o seu maior sonho é trazer “felicidade à vida das pessoas através da música” e inspirar “aqueles que trabalham comigo a fazer beleza ao mais elevado nível”.

 

Na sua conferência, irá revelar um olhar pessoal sobre a Medicina Geral e Familiar. Que paralelismo existe entre o trabalho em equipa da Medicina Geral e Familiar e a condução de uma orquestra?
Joana Carneiro - Entre o trabalho em equipa da Medicina Geral e Familiar e o trabalho de uma orquestra existem alguns paralelismos: por um lado a Medicina Geral e Familiar remete para muitas áreas da saúde, integrando-as numa só especialidade, tal como o Maestro que integra os vários instrumentos; neste sentido, a Medicina Geral e Familiar e o Maestro trabalham o todo, sendo importante o conhecimento de cada uma das partes em pormenor.

 

Quais as vantagens e os desafios do trabalho em equipa?
No meu entendimento, a maior vantagem é a possibilidade de criar beleza com outros seres humanos, independentemente de onde vimos e de quem somos. E o maior desafio prende-se com o facto de sermos muitos, com ideias diferentes, pelo que temos de encontrar uma linguagem comum para transmitir essa beleza.

 

Falemos um pouco da sua trajetória pessoal... Aos seis anos já estudava no Conservatório. É verdade que decidiu ser maestrina aos nove anos?
Sim, eu tinha nove anos quando disse pela primeira vez que queria dirigir uma orquestra e tive a sorte de poder estudar e acreditar na possibilidade concreta de realizar esse desejo.

 

Contudo, também estudou Medicina. Como recorda os seus tempos de estudante?
Recordo esses tempos com muita saudade; tenho muitas saudades do curso de medicina. Felizmente, há dois anos casei com um médico e agora reatei muitas das maravilhosas amizades começadas nesses tempos. Atualmente tenho consciência de que as ciências trouxeram-me o método e a forma de trabalho como ainda hoje encaro e interiorizo uma partitura.

 

Aos 21 anos decidiu dedicar-se apenas à música? Como surgiu essa decisão?
Essa decisão surgiu de uma forma muito natural. Depois de dirigir uma orquestra pela primeira vez, compreendi que não era apenas um sonho, que talvez pudesse ser realidade.

 

Dirigiu pela primeira vez uma orquestra aos 18 anos. Recorda como foi a sua estreia?
Desse momento, recordo o sentimento de uma grande alegria. No entanto, devo reconhecer que da experiência musical não me lembro muito bem porque estava sobretudo preocupada em fazer os gestos certos.

 

Quando começou a sua trajetória internacional?
Aos 21 anos, quando tive o privilégio e a oportunidade de ir estudar para Northwestern.

 

Aos 33 anos recebeu o Prémio Helen M. Thompson. O que significou esse prémio em termos pessoais e profissionais?
Receber o prémio Helen M. Thompson da League of American Orchestras foi uma honra e estímulo enormes para continuar.

 

É hoje aclamada pela crítica norte-americana. Quais são os seus sonhos e objetivos?
Os meus maiores sonhos e objetivos são, por um lado, criar o melhor possível e programar o melhor possível, procurando trazer felicidade à vida das pessoas através da música; por outro, inspirar como puder aqueles que trabalham comigo a fazer beleza ao mais elevado nível.

 

A sua vida como maestrina requer muito trabalho e sacrifícios. Mas, conceberia a vida sem música?
Para mim, seria difícil viver sem música. Aliás, acho que é impossível para qualquer ser humano. Ouvimos música praticamente em qualquer lugar onde entramos, filme que vemos, televisão que ligamos. Penso que a maior parte das experiências humanas inclui música.

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Última actualização 2017-02-02